quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Parnasianismo

Olavo Bilac - Um Beijo

Foste o beijo melhor da minha vida,  A
Ou talvez o pior... 
Glória e tormento,  B
Contigo à luz subi do firmamento, B
Contigo fui pela infernal descida!   A

Morreste, e o meu desejo não te olvida:  A
Queimas-me o sangue, enches-me o pensamento, B
E do teu gosto amargo me alimento, B
E rolo-te na boca malferida. A

Beijo extremo, meu prêmio e meu castigo,  C
Batismo e extrema-unção, naquele instante D
Por que, feliz, eu não morri contigo? C

Sinto-te o ardor, e o crepitar te escuto, E
Beijo divino! e anseio, delirante, D
Na perpétua saudade de um minuto...E


Análise:

·         Um dos temas preferidos de Olavo Bilac é o amor, associado, geralmente, à noção de pecado, cantado sob o domínio do sentimentalismo, fugindo às características parnasianas.
·         Seus versos contêm uma poesia pobre em imagens, mas rica em sentimento, voluptuosidade e morbidez, o que parece justificar sua fulgurante consagração.
·         O vocabulário não aparenta ser tão rico em comparação a outros;
·         O autor não parece ser tão impessoal como de costume;
·         É um soneto;
·         O eu poético se mostra, é em primeira pessoa;
·         É uma Lírica Amorosa, que Olavo Bilac escreve e já que é um soneto então seguem uma norma culta de linguagem;
·         Ele é escrito em maioria em forma indireta outra característica do parnasianismo;
·         Chave de ouro:

   “Beijo divino! E anseio, delirante,
Na perpétua saudade de um minuto... "

Últimos versos resumem o poema todo.

·         Rima rara, pois, ele rima palavras de classes diferentes, castigo é verbo, e contigo é pronome.
  “Beijo extremo, meu prêmio e meu castigo,
Batismo e extrema-unção, naquele instante
Por que, feliz, eu não morri contigo? “

·         Ele não usa uma das principais características parnasianas: não expressar sentimentalismo, indiferença do autor.