Foste o beijo melhor da minha vida, A
Ou talvez o pior...
Glória e tormento, B
Contigo à luz subi do firmamento, B
Contigo fui pela infernal descida! A
Morreste, e o meu desejo não te olvida: A
Queimas-me o sangue, enches-me o pensamento, B
E do teu gosto amargo me alimento, B
E rolo-te na boca malferida. A
Beijo extremo, meu prêmio e meu castigo, C
Batismo e extrema-unção, naquele instante D
Por que, feliz, eu não morri contigo? C
Sinto-te o ardor, e o crepitar te escuto, E
Beijo divino! e anseio, delirante, D
Na perpétua saudade de um minuto...E
Análise:
· Um dos temas preferidos de Olavo Bilac é o amor, associado, geralmente, à noção de pecado, cantado sob o domínio do sentimentalismo, fugindo às características parnasianas.
· Seus versos contêm uma poesia pobre em imagens, mas rica em sentimento, voluptuosidade e morbidez, o que parece justificar sua fulgurante consagração.
· O vocabulário não aparenta ser tão rico em comparação a outros;
· O autor não parece ser tão impessoal como de costume;
· É um soneto;
· O eu poético se mostra, é em primeira pessoa;
· É uma Lírica Amorosa, que Olavo Bilac escreve e já que é um soneto então seguem uma norma culta de linguagem;
· Ele é escrito em maioria em forma indireta outra característica do parnasianismo;
· Chave de ouro:
“Beijo divino! E anseio, delirante,
Na perpétua saudade de um minuto... "
Últimos versos resumem o poema todo.
· Rima rara, pois, ele rima palavras de classes diferentes, castigo é verbo, e contigo é pronome.
“Beijo extremo, meu prêmio e meu castigo,
Batismo e extrema-unção, naquele instante
Por que, feliz, eu não morri contigo? “
· Ele não usa uma das principais características parnasianas: não expressar sentimentalismo, indiferença do autor.